terça-feira, 2 de março de 2010

O tempo e a jaboticaba

Hoje é meu aniversário e recebi este texto delicioso de presente. Não precisei nem gastar meus neurônios.... mas amanhã quero falar sobre festas, bolos e comemorações. Enjoy!


'Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço. Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem para eventos de um fim-de-semana com a proposta de abalar o milênio. Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de 'confrontação', onde 'tiramos fatos a limpo'. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral. Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa... Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão-somente andar ao lado do que é justo. Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.' O essencial faz a vida valer a pena.'

Rubem Alves

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Festa para todos os sentidos

Estava com saudades. De férias do blog num período onde cuidei da saúde, do maridinho (que tirou férias) e claro, do Boris.

Idéias não faltaram, mas daí a sentar e escrever são outros quinhentos. Mas enfim, estou de volta.

E por falar em festa, estamos em contagem regressiva para o maior espetáculo da terra: o carnaval. Eu tenho a honra de morar onde acontece o maior carnaval de rua do planeta. Aqui em Salvador já é Carnaval há algum tempo, e embora eu goste muito da festa, acredito que vale sempre lembrar que as terras soteropolitanas não vivem apenas dele.

Tem outras festas musicais e igualmente extasiantes que acontecem na cidade. Para o público local acho que nem preciso recomendar, mas para quem não conhece, vale a visita do Jam no MAM, no Museu de Arte Moderna (Solar do Unhão), que acontece no fim da tarde todos os sábados, na Avenida Contorno.

Debruçado sobre o mar, o lugar por si só já é lindo.

O espetáculo fica por conta do pôr-do-sol, que se derrete no mar hipnotizando até os olhares mais exigentes. Sobre um páteo em cima do mar, amantes de boa música, culturetes de estilo despretensioso e descolados se espalham pelas cadeiras, beirais, em rodas de amigos, num clima de festa que esbanja charme. Para aplacar a fome e refrescar a sede nada de luxo, mas tudo muito correto. Cerveja (inclusive sem álcool), refrigerantes sempre impecavelmente gelados. Roscas de frutas da época preparadas na hora. Crepes doces e salgados, queijo coalho na brasa e como não poderia faltar, acarajés e abarás fumegantes e perfumados preparados por autênticas baianas.

O clima é poético e inspirador. Dá vontade de fotografar tudo. Foi o que fiz... estilo tiete.

Uma festa que não se resume a fevereiro, numa Salvador que mostra que nem só de axé é feito o soteropolitano.